terça-feira, 27 de novembro de 2012

Letras ou imagens?

Certa feita, um professor que tive ao longo da graduação comentou, quase em tom de brincadeira, que, num futuro não muito distante, o curso de Letras passaria a se chamar Imagens. Salvo engano, a discussão ocorreu em uma aula de Literatura Cibernética, e girava em torno da possibilidade de tudo ser lido e interpretado, incluindo aí imagens. A imagem no mundo contemporâneo, dizia ele, tornou-se tão importante e abrangente no âmbito da aquisição e negociação de significados, que não demoraria a se tornar um campo de estudo ainda mais diversificado e importante do que os textos em mídia escrita.

Não pude deixar de lembrar dessa discussão ao ler o texto Sobre "A Imagem como Paradigma", por Felipe Perret Serpa, que trata justamente disso: a imagem não apenas como paradigma, mas como paradigma gerador de paradigmas.

O texto faz um passeio breve pelas descobertas científicas ocorridas ao longo do século XX, colocando a imagem como um fator decisivo para o avanço tecnológico - afinal, sem a leitura e análise de imagens geradas pelas experiências envolvendo buracos negros e éter, Einstein e Heisenberg talvez não tivessem tido embasamento suficiente para desenvolver suas teorias tão famosas sobre a relativização de tempo-espaço e radiação do corpo negro.

Desta forma, coloca-se a imagem e sua interpretação num novo patamar: de produto, passa a ser vista como princípio gerador de conhecimento; de representação, passa a fator estruturante da realidade. 

Um elemento de tal importância, portanto, não pode passar despercebido pelas práticas educativas, que, entre tantas outras funções, assumem também a obrigação de auxiliar na compreensão da realidade que nos cerca. Assim sendo, cabe a nós, educadores, encontrar um meio de adequar nossas práticas ao uso e estudo das imagens, para manter-nos atualizados e coerentes com o contexto histórico-cultural em que nos encontramos.

(O link para o texto original está aqui)

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